Parto e nascimento saudável são promovidos em projeto da UFPI
- Mobiliza Prexc
- 26 de jun. de 2018
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O parto é símbolo de origem da vida. Para algumas mulheres, o momento tão esperado é marcado pela felicidade de ver o rosto do filho após meses de gestação. Entretanto, em alguns casos, dar a luz tem se tornado bastante doloroso por conta de violências obstétricas que as futuras mamães sofrem.
No Brasil, a taxa de mortalidade materna ainda é alta. De acordo com o Ministério da Saúde,cerca de 62 mulheres morrem a cada 100 mil partos de nascidos vivos. É pensando nesse cenário que a Universidade Federal do Piauí, por meio da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PREXC), desenvolve o projeto“Parto e nascimento saudável no centro obstétrico da Maternidade Evangelina Rosa (MDER)”.
O projeto integra as ações do Ministério da Saúde junto às maternidades de referência do Nordeste e Amazônia Legal em atendimento às políticas do Programa de Humanização do parto e Nascimento (PHPN).
O projeto foi implantado na maternidade em 2011, e desde então vem se desenvolvendo práticas de humanização no centro obstétrico visando reduzir os danos físicos e emocionais à parturiente. As gestantes contam com assistência das enfermeiras assim que dão entrada no hospital, e a partir daí se inicia.“A assistência é dada logo no trabalho de parto, as gestantes que ali se encontram são beneficiadas pelo projeto. Não é necessária nenhuma inscrição previa” Relata Inez Sampaio, coordenadora do projeto.

O objetivo do projeto é reduzir os traumas e humanizar o tratamento a gestante, promovendo uma assistência saudável e de qualidade. “Não usamos medicamentos, temos outras técnicas de alívio da dor. Tem a bola suíça, massagens, agachamentos, o banho de chuveiro com água morna, alimentação saudável e o acolhimento da gestante. Nós trabalhamos com essa assistência pré-parto” declara Inez Sampaio – enfermeira, professora da UFPI e coordenadora do projeto de extensão “Promoção do Parto e nascimento saudável”.
A idéia de parto humanizado ainda não é clara para muitas gestantes. Carol Dias, 22 anos, é Doula e explica: “A gente tem que tirar da cabeça a idéia de que o parto humanizado é quando a gestante pare na banheira ou debaixo de uma árvore. O parto humanizado é você ter uma equipe humanizada, que respeite e aconselhe a mulher.”

Carol Dias relata ainda que no parto humanizado, além do apoio dado através de métodos não farmacológicos de alivio da dor, é promovido, principalmente, o protagonismo e respeito á gestante. Nesse contexto, o trabalho das doulas e enfermeiras é essencial para empoderara mulher, dando a ela toda a gama de informações necessárias para que entenda o funcionamento do seu corpo nessa fase.
A equipe que faz o acompanhamento a gestante é um fator de humanização. “O parto humanizado depende também de uma equipe humanizada. É uma equipe que vai estar disposta a apoiar e entender a mulher e dar a ela a oportunidade desse protagonismo. Inclusive, qualquer parto pode ser humanizado, uma cesárea pode ser humanizada”, declara a doulaTauana Queiroz, 22 anos.
Sandra Maria, 35 anos, é mãe de Pedro e estágrávidapela segunda vez. No parto de seu primeiro filho, ela foi submetida a cesariana por conta de complicações de saúde. Ela relata não ter conhecimento sobre como funciona o parto humanizado e declara sua preferência pela cesariana. “Eu prefiro fazer cesariana, porque o parto normal dói mais. Apesar de que senti muita diferença no meu corpo, desenvolvi pressão alta e engordei 10 quilos”, declara.
A falta de informações e de preparo de algumas equipes de parto provoca o medo em muitas gestantes. A psicóloga Daniela Bittar afirma que a configuração do parto no Brasil ainda é dada de forma em que a cada 10 mulheres, quatro sofrem violência obstétrica. A psicóloga afirma que, em muitos casos, a gestante chega ao trabalho de parto sem ter feito um pré-natal adequado, ocasionando riscos a sua saúde e a saúde do bebê.
“Muitas vezes, a mulher já chega depois de não ter feito um acompanhamento e um pré-natal adequado, e ela chega para ter o filho sem entender que vai passar por aquele momento, que o trabalho de parto pode durar muitas horas e que durante esse tempo ela precisaria ser acolhida e ter espaço para que a evolução do parto seja natural e tranquila”. alerta Daniela.
O Projeto “Promoção do parto humanizado e nascimento saudável” é uma via de solução para diminuir as violências obstétricas e auxiliar na redução dos riscos à gestante. Para participar não é necessária inscrição prévia, todas as gestantes que se encontram em trabalho de parto durante o plantão do projeto no centro obstétrico são beneficiadas.
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